domingo, 21 de outubro de 2007

Agricultura Indígena

Como agricultores, os índios empenham esforços no preparo e plantio da terra, no cultivo e na colheita.

A derrubada e a queimada da mata são processos habituais para a limpeza das áreas destinadas ao cultivo da lavoura. Da limpeza só os homens tomam parte. Antes do contato com os civilizados, as árvores mais grossas eram derrubadas com fogueiras, perfurando-se o solo à sua volta com a ajuda de paus pontudos ou bastões de cavar. Hoje, já são utilizados instrumentos de ferro, tais como machados, facões e enxadas.

Após a derrubada, os índios atiram fogo aos troncos e aos garranchos que estão próximos. Sobre as cinzas e entre os troncos derrubados se inicia o plantio.

Algumas tribos têm roças razoavelmente grandes e outras, plantações bem pequenas. Plantam favas, arroz, feijão, diferentes espécies de milho... Cultivam também a banana-da-terra (banana de fritar), a abóbora e a melancia.

Mas a base da alimentação indígena é mesmo a mandioca, predominando o cultivo da mandioca-brava, assim chamada porque essa espécie possui um veneno mortal. Para retirá-lo, há dois processos: ou deixam a mandioca, depois de descascada, dentro da água até apodrecer, para depois socá-la; ou, depois de lavada, colocam-na na esteira de buriti, onde será ralada e espremida para que seja eliminado o sumo venenoso. Após a secagem, a mandioca se transformará em farinha, pão, beiju e mingau.

Os pães são obtidos fazendo-se com a massa grandes bolos, colocados ao sol para secar. Em seguida, são armazenados em grandes cestos ou tulhas.

Para se fazer o beiju, esse pão é umedecido, esfarinhado em panela circular e levado ao fogo. O beiju é alimento de toda hora, pois os índios não têm horários marcados para suas refeições. Eles comem quando sentem fome. Eles o ingerem sozinho ou recheado com peixe cozido.

O mingau é feito desmanchando-se, com pancadas de um pedaço de pau, o pão seco em farinha. Esta é levada ao fogo, numa panela com água, e transforma-se num caldo que é ingerido durante o dia, em substituição à água.

Ainda no que diz respeito à mandioca, é importante observar a preocupação que se tem com o seu armazenamento. Ou este se faz com a mandioca já transformada em pão, mediante o seu depósito em tulhas, ou através do enterramento de metade da mandioca já colhida. Este último sistema pode assegurar aos índios o alimento necessário em caso de queda de produção, dando-lhes condições de enfrentar as variações climáticas.

Alimentação Indigena






A alimentação básica dos índios, de maneira geral, constitui-se de peixes cozidos ou assados e de beijus feitos de mandioca ou mingau de mandioca.

Os peixes são obtidos através de pescarias individuais ou coletivas. Os índios não têm condições de conservar grandes quantidades de carne por muito tempo, daí as pescarias serem realizadas quase diariamente.

No entanto, quando pescam um número maior de peixes, conseguem conservá-los por alguns dias, graças a um método criado por eles próprios e que vem passando de geração para geração: primeiramente, assam os peixes em fogueira sobre uma grelha de varas, depois os transformam em farinha, socando-os no pilão. Esse processo denomina-se moqueamento.

As pescarias coletivas se realizam de duas maneiras: ou usando arco e flecha ou mediante o uso do timbó (espécie de cipó que é cortado e amarrado em feixes dispostos perto de uma barragem anteriormente feita). Os índios batem nestes feixes com uma pedra ou um pedaço de pau e os mergulham várias vezes dentro da água para que libertem um sumo. Algum tempo depois, os peixes chegam à superfície semi-asfixiados e, ao saltarem, caem nas canoas colocadas ao lado. Podem ser também flechados ou até mesmo apanhados com a mão. Ao fim da pescaria, a distribuição de peixes é feita em partes iguais.